domingo, 13 de fevereiro de 2011

Chinese Democracy 2001: Retorno triunfante no Rock In Rio

"Eu atravessei um traiçoeiro mar de horrores para poder estar com vocês aqui esta noite", Axl disse para a platéia. Duas semanas depois eles tocaram um set de 140 minutos para uma platéia de 190.000 pessoas no festival Rock In Rio 3, no Rio de Janeiro, tocando outra faixa nova, "Madagascar".

revista Classic Rock apresentou nesta série, ano por ano, um relatório dos bastidores do álbum mais controverso de todos os tempos. As traduções serão publicadas diariamente no Maggots soldiers!.
Compilado por: Lauri Löytökoski
Material adicional: Scott Rowley
No House of Blues de Las Vegas
No House of Blues de Las Vegas

Com a empresária Beta Lebeis, no Rock In Rio
Com a empresária Beta Lebeis, no Rock In Rio
Começando às 3h35min da madrugada de 1.º de janeiro de 2001 na House of Blues de Las Vegas, o Guns N' Roses fez sua primeira aparição ao vivo desde julho de 1993. Novas músicas tocadas incluíram "Chinese Democracy", "The Blues" e "Silk Worms", além do single de 1999, "Oh My God".
Um retorno triunfante. Havia conversas sobre datas de shows no verão do Hemisfério Norte e sobre o lançamento do álbum. Conforme revelado em detalhes no número 116 da revista Classic Rock, Tom Zutaut, o homem que contratou oGuns N' Roses e o único membro do setor de artistas e repertório até então que havia conseguido extrair um álbum da banda, foi trazido de volta para o projeto.


Nas palavras de Zutaut: "nós substituímos várias faixas de bateria: por conta da crença de Axl de que o disco tem que ter a energia das pessoas envolvidas em sua criação, nós tivemos que regravar as partes de Josh Freese. E o desempenho de Josh foi realmente espetacular".
"Eu é que não gostaria de estar na pele de Brain. Basicamente o que nós dizíamos pra ele era 'nós temos aqui uma performance brilhante, tudo o que precisamos é que você a recrie'".
Brain: "eu falei pra eles, ok, então eu vou aprender as músicas, entrar no estúdio e tocar tudo de novo, mas a reação do Axl foi de falar 'não, apesar de eu gostar muito do que o Josh tocou eu quero o seu estilo'. Eu perguntei pra ele: 'bom, o que isso significa exatamente?' Roy era o produtor àquela altura e ele achava que eu deveria 'basicamente tocar exatamente o que o Josh tocou. Exatamente, nota por nota".
Mantia recebeu uma transcrição de todas as partes tocadas por Freese. "Então, mais ou menos um mês depois, (o transcritor) me ligou e... Deve ter sido um calhamaço grosso deste jeito (mostra uma distância de mais ou menos trinta centímetros entre as mãos) de partituras, eram todas as músicas transcritas, nota por nota, e estamos falando de músicas de sete minutos. Com coisas como o Josh fazendo um solo no final... E eu fiquei ali, aprendendo as músicas durante, sei lá, umas duas semanas. Eu toquei e toquei até que peguei as músicas. Daí eu chegava no estúdio e falava, 'Roy'... Enquanto todo mundo no estúdio, e estamos falando de um estúdio que custa dois mil dólares por dia, todo mundo estava ali sentado, assistindo desenhos, ou o Exorcista, ou algo do tipo".
Com a missão de conseguir o som perfeito de bateria para “Chinese Democracy” - o som de bateria de Dave Grohl em “Smells Like Teen Spirit” - Zutaut comprou uma cópia de “Nevermind” e fez os engenheiros copiarem o som de bateria. "Só faz seis meses que eu tenho pedido isso pra eles!" disse Axl quando ouviu o som da bateria.
Zutaut também estava ali para verificar para onde estava indo todo o dinheiro ("uma área em que havia um montante astronômico de dinheiro sendo gasto era em material alugado", disse ele. "Pelo que eu me lembre, nós conseguimos economizar por volta de 75 mil dólares por mês do orçamento").
E ele atraiu Buckethead de volta - que havia saído, frustrado pelo que via como inatividade da banda, além de uma tensão criativa com Roy Thomas Baker - com uma promessa de que o guitarrista teria seu próprio galinheiro no estúdio ("se eu pudesse ter meu próprio galinheiro no estúdio eu tocaria bem melhor", Buckethead lhe disse). Dois dias depois, eles construíram o galinheiro e Bucket trouxe todos os seus pertences e brinquedos e colocou palha no chão.
"Quase que dava pra cheirar as galinhas", disse Tom Zutaut. O trabalho continuou." (Axl) vinha ao estúdio uma ou duas vezes por semana", disse Zutaut. O resto da equipe mandava um punhado de faixas nas quais havia trabalhado durante o dia para que ele pudesse ouvir à noite. Uma música que estava causando problemas era "Madagascar", que contém samples do famoso discurso de Martin Luther King ("I have a dream" - Eu tenho um sonho) - um sample cujo uso eles não tinham autorização durante a estadia de Zutaut. "Axl sente que esse discurso em particular está no âmago da mensagem que quer passar através dessa música", disse Zutaut, "e ele me disse que se o espólio de Martin Luther King não desse permissão para que ele o utilizasse, a música não constaria do álbum".
O trabalho continuou num ritmo decente. Por volta do final do ano, os produtores do filme 'Falcão Negro em Perigo' entraram em negociações com os representantes do Guns para a inclusão de "Welcome To The Jungle" na trilha sonora do filme. Em uma projeção do filme - na qual Zutaut alega que foi um mal entendido e uma tentativa deliberada de alguém da trupe de Axl de despedí-lo - Axl chegou com horas de atraso, estrilou na presença de outras pessoas por causa da projeção do filme já ter começado e dispensou Zutaut.
Assim como outros funcionários do setor de artistas e repertório antes dele, Zutaut durou um ano com a banda. Hoje em dia, ele crê que chegou perto de terminar o álbum: "quando eu saí, eu achava que havia provavelmente 11 ou 12 faixas que só precisavam de uma mixagem final. Eu teria dado mais uns três meses para mais alguns overdubs e outros três para a mixagem. Nós poderíamos ter lançado o álbum em setembro de 2002 - na pior das hipóteses o álbum teria saído na primavera de 2003 (no Hemisfério Norte)".
Em dezembro, a banda se reagrupou com vistas a mais shows, anunciando duas apresentações de ano novo em Las Vegas. Na cidade de férias, Slash deu alguns telefonemas e conseguiu colocar seu nome na lista de convidados para o show de 29 de dezembro. Mais tarde, um representante da firma que empresariava a banda, acompanhado de integrantes da segurança do hotel, foi ao quarto do ex-guitarrista da banda e lhe disse para que ficasse longe do show, "para lhe poupar do vexame de ser barrado na porta".

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