quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Queremos uma nova velha MTV

Mtv está naqueles casos de “amem ou odeiem” e podem ter certeza: isso dependerá a qual geração você pertence. Se você assistiu Blaze of Glory (Jon Bon Jovi), Silent Lucidity (Queensryche), November Rain (Guns N Roses), One (Metallica), No More Tears (Ozzy Osbourne), é bem possível que você ache (hoje) a emissora um lixo. Caso você seja da geração , CPM22, Charlie Brown Jr,Audioslave, Nickelback, Evanescence, pode ser que nutra um carinho pois a emissora te fez ‘voar’ e conhecer bastante coisa de rock. Agora se você é daqueles que conheceram Restart, Cine, Forfun, Fresno, Hateen, My Chemical Romance, Paramore e tantos outros, bem, você deve AMAR a Mtv.
Qualidade é ponto de vista, já diria alguém. Parte do olhar a defesa (ou acusação) do que se supõe ser bom ou ruim. A Mtv, assim que chegou à tv brasileira foi parte de uma revolução estética, sonora e comportamental. Passou a ser referência, uma vez que no Brasil, excetuando as revistas mensais, havia pouca informação sobre música. Os programas de clip sempre tiveram vida curta no canal aberto e tv à cabo era algo muito longe da realidade brasileira. O canal foi (e acho que ainda é) um importante link de conhecimento. A audiência, com o passar do tempo, passou a controlar com uma certa austeridade, aquilo que achava bacana e julgava outras coisas,que tiveram vida curta aqui dentro e lá fora. Quem não se lembra dos Ostras? Vanilla Ice, Dee Lite e tantos outros, são exemplos de artistas que tiveram um excelente êxito no vídeo e perderam o pouco que conquistaram no áudio. Implantou no mercado fonográfico, ainda não tão combalido pela pirataria à época, o padrão “Acústico Mtv” que foi responsável por grandes shows e serviu de desfibrilador para bandas que tinham sérios problemas criativos, caso de Titãs e Capital Inicial.
Depois que passou a integrar o grupo Abril, o canal passou a investir nos programas de comportamento, chamando atenção de um público teen e mudando parte do perfil que adquirira: um canal de música. Muitas novidades continuavam passando por lá, mas desta vez ‘duelando’ com realitys, séries e programas de humor. VJs transformaram-se em celebridades, a medidas que as verdadeiras estrelas (“os artistas”) passaram a ter papel secundário no canal. Amansaram Lobão e domesticaram João Gordo. Brincaram de zigue-zague primeiro com Cazé e depois numa versão plus com Marcos Mion. Isso sem falar em dezenas de desligamentos, caso de Zeca Camargo, Astrid, Soninha, Gastão, Fábio Massari, Maria Paula, para citar os mais representativos.
Com o surgimento do youtube (principal canal de vídeos do planeta), parte do monopólio estacionado na tela da MTV foi pro ‘saco’. Isso fez com que o canal voltasse ainda mais suas bazucas para assuntos periféricos e investisse mais, por incrível que pareça, nos novos humoristas de stand-up comedy.
Essa semana, após o desligamento (espontâneo) de Marina Person após 18 anos de Mtv e dos anúncios das saídas de Léo Madeira, Kika Martinez e Penélope Nova (as notícias se contradizem à respeito da saída da filha de Marcelo Nova), voltam os rumores de que a emissora deseja retornar ao seu profile musical. Para quem especialmente gosta de rock tradicional, a emissora há muito tempo já não se esforça em querer conquistar o seu grande público. Os motivos eu não sei. Vale lembrar, que desde os tempos do Gás Total ou do Fúria Metal (que chegou a ser apresentado por Hermes & Renato), os horários destinados à ‘programação pesada’ era sempre após ás 11 horas e nas sextas-feiras. Por isso, mesmo que desejem retomar uma proposta na qual a música seja principal estrela do canal, não há porque criar ilusões quanto ao espaço que o heavy metal, o hard, o trash possam ocupar na grade da emissora. Salvo engano, como este ano de Rock In Rio em seu local original, pode ser que se aproveitando de tantas atrações internacionais que passam pelo Brasil, a direção do canal tenha enxergado um real potencial nos headbangers, mesmo de forma tardia.
Ainda falando sobre Penélope Nova, ela também foi responsável por apresentar o Fúria e tinha ‘intimidade’ com o assunto, já que nunca escondeu ser fã de várias bandas, incluindo AC/DC e Iron Maiden.
De fora, dizer que os desligamentos estão realmente ligados à volta do caráter musical em primazia é inócuo, porém, realmente fica a torcida, que independente do estilo, a música seja mais ‘respeitada’ na emissora que contribui para tantas e tantas pessoas conhecerem seus ídolos de diversas formas, seja através de um documentário, de um show intimista, de um clip bem transado ou mesmo de uma ótima entrevista.
Teremos em 2011, uma nova velha Mtv?

Nenhum comentário:

Postar um comentário