quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Mötley Crüe: "Tente não cheirar a Colômbia", diz Nikki Sixx


Baixista do MÖTLEY CRÜE e membro fundador do grupo, NIKKI SIXX é um dos astros mais notórios do rock dos últimos 30 anos. Nascido Frank Ferrana na Califórnia em 1958 [uma data tatuada nos punhos de sua mão direita], ele passou grande parte dos anos 80 equilibrando o estrelato com um vício em heroína que literalmente o matou por dois minutos em 1987. Desde que se reabilitou, ele coleciona empreitadas na literatura, moda, discotecagem e fotografia – This Is Gonna Hurt, o último disco de seu projeto paralelo Sixx AM, é acompanhado por suas fotos de amputados, transexuais e outros ‘marginalizados’.
O que um astro do rock de sucesso tem em comum com o tipo de pessoas que você tende a fotografar?
O produtor do Mötley Crüe, Bob Rock, me disse quando estávamos compondo [o álbum] Dr. Feelgood:
“Sobre o que você vai escrever agora que está sóbrio?” E eu disse: “Só porque você vive numa casa de 10 mil pés quadrados, não significa que você não vai deitar a cabeça no inferno.” Eu ainda tenho que ir até o começo e lidar com muita informação que Fo i carregada em mim. Pra mim, trata-se de ser analítico, terapêutico e um pouco narcisista. Tudo gira em torno de nossa versão de algo.
Você ouve seus discos antigos?
Só se formos tocar uma música antiga em turnê. Eu precisaria ouvi-la. Eu não consigo me lembrar de todas as canções de cabeça.
Há alguma canção que você queria nunca ter gravado?
Há algumas canções em Girls Girls Girls, quando estávamos zuados demais. Há uma faixa chamada Sumthin’ For Nuthin’. Eu a ouvi alguns anos depois de ter me limpado e pensei: “Oh, que merda é essa?”
Você se lembra de muita coisa dos anos 80?
Não muito. Eles foram desafiadores. Eu não entendo porque eu só podia fazer uma ou duas coisas, quando posso fazer tantas agora.
Você acha que seu estilo de vida pode ter tido algo a ver com isso?
O estilo de vida teve muito a ver com isso. Havia muita energia negativa. A rebeldia é cansativa pro rebelde. É como o boxeador que entra no ringue só disparando socos, ele se cansa. Hoje em dia eu gosto de lutar os 12 assaltos.
As drogas foram de todo ruins, ou você se divertiu na época?
Eu me diverti muito com as drogas. Com certeza. Mas tudo passou rápido demais.
Como é a sensação de morrer?
Dói.  Há coisas que você não quer mesmo saber se você viu ou não viu. Pra mim, houve uma visão bem clara de assistir ao momento inteiro – a ambulância, o carrinho, uma limusine. Não era possível, porque eu estava debaixo de um lençol. Você pensa: “Eu vi isso, ou alguém me contou isso?”
Isso mudou sua visão da morte?
Eu não tenho medo da morte de jeito nenhum. Em minha própria filosofia distorcida, se você vive sua vida de maneira correta, a morte é algo a se desejar. Lhe dá uma razão para estar vivo.
Você acredita em Deus?
Eu acredito em uma força superior. Eu gosto de dizer que eu não acredito em religião organizada, porque me sinto bem quando digo isso, mas eu não sei de muito sobre religião organizada. Eu só não gosto da idéia de me dizerem o que fazer.
Você já se consultou com um terapeuta?
Eu vou ao terapeuta o tempo todo. Eu acredito que é uma das melhores coisas que você pode fazer por você mesmo. Se você conseguir achar alguém que lhe faça olhar as coisas de modo diferente, então você pode pegar isso e fazer coisas diferentes com sua vida.
O que você procura numa mulher?
Honestidade. Quando eu não posso confiar em você, fica ruim. Eu com certeza tenho problemas de abandono por causa de minha própria mãe.
Quanto dinheiro seria necessário para que você aparecesse em seu próprio reality show na TV?
Não existe dinheiro suficiente pra isso.
O que você acha dos reality shows de Tommy Lee e Vince Neil?
Eu não assisti a eles. Eu não concordo com isso.
Se você estivesse num bote salva-vidas com capacidade para três pessoas, qual membro do Mötley Crüe você jogaria ao mar?
[longa pausa seguida de risos] Eu tenho que responder essa pergunta? Eu me jogaria aos tubarões pela melhoria do Mötley Crüe.
Você pensa de vez em quando que ainda está no Mötley Crüe aos 52 anos de idade?
Eu sei porque ainda estou no Mötley Crüe – porque quando nos juntamos, a coisa ainda rola. Eu não sei o que é. Eu não quero sobre-analisar isso.
Que conselho você daria ao Nikki Sixx de 21 anos de idade?
Tente não cheirar a Colômbia.
Você mudaria alguma coisa que você fez na vida?
Parte do meu comportamento de cuzão quando eu era mais jovem. Eu nunca fui bom em ser cuzão. Eu sempre fico com remorso depois.
O que será escrito na sua lápide?
‘Foda-se, já acabei. ’

Nenhum comentário:

Postar um comentário